terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Dos sentimentos humanos





          Madrugada do último dia de carnaval. Depois de uma caneca de café e do balanço da semana a alma de filósofo me chama às trevas do delírio reflexivo e cá estou a falar dos sentimentos humanos. Uma química cerebral? Um sentimento profundo da alma humana? O que seriam os sentimentos? Pascal soube bem estar entre o espírito de finura e o espírito de geômetra e dizer que " o coração tem razões que a razão desconhece". Nietzsche odiava "quem me rouba a solidão sem em troca oferecer verdadeira companhia". Um prato de sopa como a Filósofa Mafalda  ou uma pessoa amada, o certo é que como dizia Hegel "nada no mundo foi feito de grandioso sem paixões".
         Após algum tempo comecei a pensar que os sentimentos têm categorias, que seria possível buscar elementos essenciais neles. Em certos aspectos isso fazia sentido, em outros nem tanto. Esses tempos têm sido confusos na minha vida em relação a sentimentos. São os mesmos sentimentos que por um lado me levam a pesquisar e lecionar cada vez com mais afinco. Uma vontade de viver incrível brota dessa paixão por conhecer e por fazer com que os outros também conheçam. Há um sabor irresistível no saber. Poucos sabem o que é isso e o quanto nos elevamos eticamente, logicamente, espiritualmente etc. Há também um sentimento grandioso das amizades, momentos e atividades mais. Simplismente caminhar ou nadar. Simplismente entrar no cozinha e preparar aquele prato. Ah como a arte de cozinhar é divina. Simplismente ir ao carnaval com amigos e rever a família num churrasco. Falar bobagens. Os sentimentos podem ser grandiosos ou cotidianos, a intesidade que parte de dentro vai ser de cada um.
         O sentimento de solidão é bom e ruim. Eu sou daquelas pessoas que precisam de momentos de solidão. Mas a solidão do eu. A solidão para estar consigo e refletir, pensar, produzir. Por ter esses momentos de solidão é que sei o valor de estar com os outros, o valor de momentos juntos. Mas solidão pode ser ruim também. Quando é a solidão em meio a muitos ou a solidão involuntária. Sempre tive mais da primeira solidão, a boa. Todavia esses tempos a segunda me invade. Tantas coisas acontecendo. Não sei se o que está longe é para mim, porque o que esteve perto se foi ou de nada adiantou. São tantas apostas perdidas nesse sentido que nem sei. O prêmio é grandioso, mas perdê-lo deve ser ainda pior.
       Ainda bem que tenho a pesquisa, a docência, os amigos, a culinária, os momentos, as caminhadas... Os sentimento advindos dessas coisas quase nunca me decepicionam. No demais o tempo, esse ente tão misterioso, deve esclarecer.
      Pois bem, não se fala de sentimentos de forma pouco sentimental... Sentimentos, cada um com os seus, não é mesmo?

Fernando.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Sistemas Estruturais- diálogos imaturos com Strauss





Faz um tempo que estou devendo um texto aqui. Na verdade já houve um acúmulo de temas a serem escritos. Ainda em tempo, vamos a um deles: "sistemas estruturais”.


Seja nas línguas, seja na Filosofia ou na Química- minhas fontes de estudo e reflexão- sempre pauto-me, busco ou balizo-me sobre dois conceitos ou noções pelos quais penso raciocinar melhor e penso que sejam o estofo do real em qualquer plano. De forma mais ampla, acredito que na natureza haja diferentes sistemas que são a base da constituição de nosso universo. Sem excluir o biológico e o humano desse plano, mas guardando as devidas restrições do funcionamento de cada esfera, ainda sim pensar em sistemas é pensar na própria organização do real.

No entanto, sistemas têm um funcionamento interno e de relação com outros sistemas. Esse funcionamento, não o entendo como simples parte do sistema, mas como uma estrutura que seria como a ‘alma do sistema”. Provisoriamente falando, uma vez que ainda estou em processo de amadurecimento dessas relações, seria o que alguns sistemistas ou estruturalistas definem como forma e conteúdo. Ainda incomoda-me fazer essa analogia, mas é o que tenho no momento. Sinto-me cada vez mais tendido a esses conceitos e a empreender a construção de uma teoria com base nisso. No entanto, há grandes problemas. Sistemas e estruturas são conceitos que apresentam um passado dentro de movimentos teóricos e de disciplinas. Venho estudando e fazendo análises no plano do terreno das humanidades e das ciências para averiguar melhor e elucidar essas questões, mas vi nos últimos meses que isso é o trabalho de uma vida toda.

Tomei então, de um ano para cá, a decisão de analisar a fundo e buscar uma teoria dos sistemas estruturais. Já tenho alguns exemplos, algumas leituras e desmistifiquei alguns pontos sobre estruturas e sistemas que pensava estarem claros em minha mente. Um exemplo que vou colocar aqui, dos vários que já venho acumulando como material de pesquisa. Refiro-me ao conceito de estrutura nas obras de Lévis-Strauss. Andei retomando algumas leituras e me iniciando em outras na obra desse brilhante antropólogo e percebi algumas coisas. Primeiro, o conceito de estrutura que ele propõe é muito parecido com alguns conceitos de sistemas. Segundo, ele bem analisa que em etnologia, por exemplo- pensando o exemplo como caso de sistemas humanos- há que se pensar, haja vista o tamanho da complexidade da cultura, as estruturas humanas (sociais) como esferas próprias de constituição de estruturas e não como simples continuações de estruturas biológicas ou físicas. Terceiro, na própria evolução do estruturalismo, há diferentes utilizações para o conceito de estrutura.

Pergunto-me se o movimento estruturalista e mesmo os movimentos posteriores a este compreenderam o profundidade sistêmica contida nas formulações de Lévi-Strauss sobre a estrutura? Será que o estruturalismo de um Bourdieu toma a compreensão da profundidade dos aspectos sistêmicos do que Lévis-Strauss propôs. Cabe perguntar também se quando Levis-Strauss propôs categorias universais das sociaedades humanas não perdeu também um pouco do sistemismo original de seu conceito de estrutura?

Quando chega-se a um conceito elucidativo como fez Lévis-Strauss, é preciso cuidado ao generalizá-lo a categorias universais. Uma tradição kantiana justificaria essas universalidades, mas não me parece ser o caso do autor em questão. Parece-me sim que ele comete o mesmo equívoco de Bergson com seu elan vital. Bergson elucida muito da criatividade do espírito humano e da evolução da mecânica biológica com esse conceito, mas em certo ponto universaliza demais o mesmo e perde a noção de que existem alguns paralelismos entre o espírito e o aparelho biológico.

Lévis-Strauss conseguiu com o conceito de estrutura e com sua Antropologia Estrutural avançar muitos pontos do estudo de sistemas humanos. Percebeu muito do que era padrão e muito do que era superficialmente mutável nas relações humanas nesses padrões. Foi muito feliz em perceber uma história cumulativa das culturas humanas e diminuir as diferenças entre o dito pensamento selvagem e o pensamento civilizado. Talvez sua ‘falha’ e dos seus sucessores tenha sido enrijecer demais o conceito de estrutura, não olhando a estrutura como sistema de um metassistema, mas como ‘mônada leibniziana’.

Eu penso um pouco diferente disso. Entendo que o sistema é mais ou menos linear, mais ou menos mecânico. Ele tem em si uma estrutura que é a base do movimento, da existência do sistema. Mesmo um sistema pode ser a parte constituinte de uma estrutura de um sistema maior, um metassistema. Preciso escrever mais para sistematizar essas idéias, mas no momento preciso com ainda mais urgência de estudos e observações sobre as teorias e sobre os sistemas e estruturas em si. Como é o estudo de uma vida e vai demandar muitas obras para cada ponto, vamos com calma. Muito fecundo esse diálogo com Strauss.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Conceitos básicos sobre o átomo




O vídeo a seguir dá uma boa explicação sobre o átomo.



Fernando.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Merleau-Ponty e o pensamento de sobrevoo





Merleau-Ponty e o pensamento de sobrevoo




Apresentar o pensamento de Merleau-Ponty é uma tarefa complexa, porque complexa é sua escrita.Uma obra embebida em pontos de vista advindos das artes, de sistemas filosóficos, das ciências humanas etc. Por este fato, vamos nesse curto espaço, pautar a análise somente em um dos pontos centrais de sua fenomenologia: o pensamento de sobrevoo.

O pensamento de sobrevoo na obra de Merleau-Ponty trata em sentido lato de uma crítica ao dito pensamento científico moderno. Segundo a fenomenologia de Merleau-Ponty, o pensamento de sobrevoo é o pensamento que apenas quantifica e analisa o Ser em suas partes mais superficiais. Um pensamento fenomenológico que empreenda uma análise mais profunda do Ser precisa ligar o pensamento cientificista (empírico-analítico) a uma metafísica renovada. Essa metafísica renovada pretende que o Ser não seja abstraído somente em seus aspectos físicos, mas que coloque o Ser dentro de uma compreensão dos fenômenos sensíveis. Não se trata mais de uma metafísica ideal que leia metodicamente o Ser em suas abstrações pormenores. Trata-se sim de trazer ao humano o casamento de suas sensibilidades com seus aspectos físico-fisiológicos para utilizar a linguagem de Merleau-Ponty.

O divórcio entre o pensamento filosófico e o científico trazido pelo cartesianismo faz com que percamos a noção do real. O pensamento filosófico sem os dados verificados do real se transforma em mera especulação tola e o pensamento científico sem a reflexão em mera formalidade sem conteúdo. Essa separação é prejudicial aos dois pólos. O pensamento de sobrevoo da ciência acaba por dizer pouco sobre o homem e o mesmo também ocorre na filosofia quando se perde no humanismo tolo no qual o sujeito é um espectro sem raízes físicas. Merleau-Ponty propõe uma fenomenologia que alie o sensível da corporiedade ao mundo psíquico para uma maior interação do homem no espaço de sua existência. A consciência do mundo sensível e do corpo traz uma maior compreensão dos fenômenos. A este autor precisamos então de uma dupla religação: a dos pensamentos reflexivo-especulativo com o empírico-analítico e de uma religação do mundo sensível e da corporiedade.

A nós parece uma proposta interessante, mas que encontra sérias dificuldades. Primeiro pelos casamentos pretendidos. Reconciliar os campos pretendidos é tarefa epistemológica séria. Algumas correntes vêm tentando propor essa reconciliação como a complexidade. Mas ainda há muito o que se evoluir nos circuitos lógicos de entendimento do que seja filosofia e do que seja ciência para que isso ocorra. A separação do homem, da natureza, da filosofia, da ciência etc ainda é muito grande. E depois da religação há que se pensar no tempo de amadurecimento e se repensar novas formas de dar a cada campo seu espaço. A segunda dificuldade reside, no caso particular de Merleau-Ponty, na própria fenomenologia. Esse campo ainda é pouco maduro em reflexões para ser uma filosofia reconciliadora de tudo o que o autor propõe. Como pensar, por exemplo, uma unicidade de Sartre, Merleau-Ponty e Hurssel? A própria evolução histórica do campo fenomenológico se mostra incompatível a isso. O alerta de Merleau-Ponty é válido, mas ainda precisamos de um amadurecimento histórico para suas proposições.



terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Da necessidade ou não da guerra

http://www.youtube.com/watch?v=5uLnA6s7Dzc

Veja o vídeo antes de ler o texto....

Na história humana são muitas as guerras e muitos os pensadores que analisaram a guerra. Antecipando a minha conclusão neste texto: sou contra todo e qualquer tipo de guerra, mesmo as guerras veladas. Mas a questão não é tão simples assim. Não basta refutar ou apoiar a guerra, o fato é que ela existe e faz evoluir a tecnologia e muitas vezes até a economia, mas causa morte, fome, destruição de culturas e da biosfera. A guerra fez parte da evolução humana. Alexandre (O Grande), conquistador admirável e sanguinário teve como preceptor Aristóteles (O Filósofo). Ter como mestre Aristóteles não fez com que parasse sua saga de destruição. Gostaria de ter visto Alexandre assistindo uma aula de Aristóteles com base no livro "Ética a Nicômaco"! Sarcasmos à parte, isso ilustra como nem mesmo o contato com grandes figuras que pregaram a ética e procuraram estudá-la profundamente basta para conter a sede de destruição humana. Oxalá que a humanidade tivesse evoluído em ética como evoluiu em lógica. Atenderíamos assim ao imperativo kantiano, que embora abstrato demais aos preceitos humanos, é para mim uma missão que devemos pensar em seguir, então:

"Age somente, segundo uma máxima tal, que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal."

Mas isso é tão dificil porque

 "O senhor da guerra não gosta de crianças"

 Não é mesmo Renato Russo?


Fernando.

sábado, 28 de novembro de 2009

O real sentido do caos na Ciência



         Na antiga mitologia grega Caos era um dos deuses primordiais. Sendo assim, uma essência primeira que dá origem a outros deuses que logo serviram de explicação aos fenômenos naturais que os gregos não entendiam. Na tradição judaico-cristã, o caos toma o sentido de uma época anterior à criação " no começo era o caos, a escuridão". Hoje em dia, o conceito de caos no senso comum é algo relativo à desorganização, literalmente uma "bagunça". Como sempre costumamos dizer:
       - A política nesse país sempre foi um caos.
       A moderna ciência vem trazer um novo sentido para o conceito de caos. A Química, a Física e outras ciências da natureza começam a esboçar uma ciência do caos. O caos na natureza não é apenas "a bagunça", mas um elemento que juntamente com a ordem traz a organização ao Universo. Um exemplo disso são as estruturas dissipativas presentes em alguns estudos de físico-química. Vou disponibilizar dois links de vídeos onde o Químico russo Prigogine explica essa nova imagem do caos na ciência.

Fernando.

http://www.youtube.com/watch?v=2NCdpMlYJxQ

http://www.youtube.com/watch?v=wbHMc2bO98M&feature=related

domingo, 22 de novembro de 2009

Phrasal Verbs

Esses verbos ( phrasal verbs) são característicos da Língua Inglesa. Representam uma adequação vocabular, uma necessidade evolutiva de criar expressões a partir de verbos- principalmente de origem anglo-saxônica- para suprir a falta de verbos que muitas vezes têm origem latina e foram trazidos sem equivalentes à Língua Inglesa. Temos geralmente problemas em utilizar esses verbos, já que nossa Língua Portuguesa não apresenta esse tipo de estrutura. Tendemos a analisar esses casos pelo significado do verbo no infinitivo, o que muitas vezes leva ao erro. Sendo assim, como eu, quem precisar se aperfeiçoar no uso deles, deve estudar listas desses verbos e procurar frases para utilizá-los. Aqui vai um link com sugestões desse tipo de verbo.

http://dicasmsnspaces3.spaces.live.com/Blog/cns!E121F73D048C70ED!4596.entry?sa=320394018


Fernando.